quinta-feira, 24 de julho de 2014

Plínio de Arruda

Dezenas de jovens acorreram ao enterro de Plínio de Oliveira. Alguns joranlistas ficaram surpresos como um homem tão velho pudesse ter a companhia de gente tão nova. A explicação, no entanto, já foi dada. Plínio era um radical. Ele, porém, não era um desses revolucionários que tem um espécie de paralisia que os impede de olhar para trás e encontrar para sua revolução um princípio venerável nesses dois mil anos de história. Ele olhava para tràs, e talvez essa tenha sido pradoxalmente a causa de seu suicídio prático, não obstante todo o sucesso de sua filosofia.
É que o melhor  da antiguidade, pelo menos em termos morais, foi formulado por seita de pensadores que eram falsos otimistas.  Eles achavam que, tendo as ideias corretas, o mundo se submeteria a seus desígnios. No entanto, qualquer um que já tenha considerado a história do Brasil perbece que seria melhor, por exemplo, se os índios brasileiros tivessem feito as pazes entre si antes de os portugueses terem chegado por aqui. Na história, nem sempre o melhor curso é o certo. E também a vitória de um movimento numa época não significa que ele encontrará as portas do triunfo abertas para todo sempre. 
Plínio de Oliveira foi um homem bom, mas bom demais para o seu tempo.  Ele tinha uma bondade que se satisfaz com a imaginação de um país melhor. Isso é muito, mas uma guerra não se vence somente com ideias. E quando elas somente atraem algumas dezenas de jovens, é sinal que a sua formulação não é popular o bastante.  

domingo, 20 de julho de 2014

Pan-eslavismo


Um avião de passageiros civis é explodido por separatistas russos na Ucrânia, e tudo o que os jornais dizem são os fatos. A primeira hipótese é pura propaganda.  O governo ucraniânio não tem controle nenhum sobre Donetsk, de onde partiu o míssil. A ideia de que seriam os próprios russos é também conversa fiada. Eles são malucos, sem dúvida, mas usam de sua loucura com método e não ganhariam nada matando inocentes.  O ataque foi um erro militar, cuja origem é o Kremlin. Se um pai dá uma arma a uma criança furiosa, não é imprevisível que ela seja disparada por acidente.  Mas, no mesmo sentido, ninugém reponsabiliza a Taurus pelas mortes dos ladrões que invadem à noite as casas. O ponto é que, embora nada possa ser alegado contra os fatos, uma opinião é absolutamente necessária nessas horas. Que regime os produziu? Há algo nesse regime que seja admirado e copiado em outras partes do mundo?
Para a primeira pergunta, a resposta é simples. A Rússia ainda não acordou do sonho de um pan-eslavismo que não respeita as soberanias nacionais de seus vizinhos. Vladmidir Putin não é somente um presidente de uma república. Ele é o chefe de um estado com pretensões imperialistas que não descansa enquanto não subjuga qualquer um que ouse se levantar contra seus planos.  E o pior, quando algo dá errado, recorre a uma propaganda mequetrefe para explicar o erro. A segunda pergunta é um mergulho na nossa história, que acabaria por trazer à tona nomes de pessoas comprometidas com uma ditadura de esquerda que vivem de esbrajear contra uma inexistente de direita. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A Voz das Ruas

O Brasil foi desclassificado, e a tristeza nacional se reveste de tons poéticos. Um zagueiro brasileiro dizia que seu sonho era dar alegria ao povo brasileiro. Não há sonho que resista à realidade da organização alemã. Um panzer passou por cima da seleção, mas já não há mais o que fazer. A notícia da semana, porém, é a invasão do planalto pelos índios que foram para seu Congresso de Saúde. Estando já em Brasília, resolveram visitar os deputados para pedir a demarcação das suas terras. Os representantes da nação, é claro, receberam-nos muito bem.  Visita surpresa, como dizia minha vó,  ou é coisa muito boa ou muito ruim. No caso em questão, é óbvio que foi boa. Sem ela, os senadores teriam que comer a pizza sozinhos, o que prejudicaria o peso ideal. Os índios, porém, é que não fazem muito bem em participar da dieta política.  Ou aceitam por completo a sua identidade, o que significaria que não haveria dos países, o deles e o do homem branco, ou simplesmente façam um país próprio, a Indolândia. O que é não é possível é recorrer aos brancos quando a coisa fica preta, mas exigir território próprio quando convém.


O problema com a politicagem é exatamente isso: ficar em cima do muro é só fingir independência. Essa seria o único critério. Desde que alguém se mantenha independente, ele pode opinar de maneira contraditória, dizer-se a favor dos revolucionários neste ponto, mas não naquele, xingar e e louvar a mesma pessoa, enfim, todas as opções de vida lhe estão abertas, desde que ele não escolha definitivamente nenhuma. Isso não é liberdade, nem muito menos independência. É somente a leveza da palha, que o vento leva aonde quer.  O poeta que, ao final da derrota para a Alemanha, dizia que seu único sonho era ver um sorriso no rosto dos brasileiros pode não entender nada de futebol. Mas tem faro certeiro da razão dos compromissos.