Dezenas de jovens acorreram ao enterro
de Plínio de Oliveira. Alguns joranlistas ficaram surpresos como um homem tão velho
pudesse ter a companhia de gente tão nova. A explicação, no entanto, já foi
dada. Plínio era um radical. Ele, porém, não era um desses revolucionários que
tem um espécie de paralisia que os impede de olhar para trás e encontrar para
sua revolução um princípio venerável nesses dois mil anos de história. Ele olhava
para tràs, e talvez essa tenha sido pradoxalmente a causa de seu suicídio prático,
não obstante todo o sucesso de sua filosofia.
É que o melhor da antiguidade, pelo menos em termos morais,
foi formulado por seita de pensadores que eram falsos otimistas. Eles achavam que, tendo as ideias corretas, o
mundo se submeteria a seus desígnios. No entanto, qualquer um que já tenha
considerado a história do Brasil perbece que seria melhor, por exemplo, se os
índios brasileiros tivessem feito as pazes entre si antes de os portugueses
terem chegado por aqui. Na história, nem sempre o melhor curso é o certo. E
também a vitória de um movimento numa época não significa que ele encontrará as
portas do triunfo abertas para todo sempre.
Plínio de Oliveira foi um homem
bom, mas bom demais para o seu tempo.
Ele tinha uma bondade que se satisfaz com a imaginação de um país
melhor. Isso é muito, mas uma guerra não se vence somente com ideias. E quando
elas somente atraem algumas dezenas de jovens, é sinal que a sua formulação não
é popular o bastante.