O Brasil
foi desclassificado, e a tristeza nacional se reveste de tons poéticos. Um
zagueiro brasileiro dizia que seu sonho era dar alegria ao povo brasileiro. Não há
sonho que resista à realidade da organização alemã. Um panzer passou por cima
da seleção, mas já não há mais o que fazer. A notícia da semana, porém, é a
invasão do planalto pelos índios que foram para seu Congresso de Saúde. Estando
já em Brasília, resolveram visitar os deputados para pedir a demarcação das
suas terras. Os representantes da nação, é claro, receberam-nos muito bem. Visita surpresa, como dizia minha vó, ou é coisa muito boa ou muito ruim.
No caso em questão, é óbvio que foi boa. Sem ela, os senadores teriam que comer
a pizza sozinhos, o que prejudicaria o peso ideal. Os índios, porém, é que não
fazem muito bem em participar da dieta política. Ou aceitam por completo a sua identidade, o que significaria que não
haveria dos países, o deles e o do homem branco, ou simplesmente façam um país
próprio, a Indolândia. O que é não é possível é recorrer aos brancos quando a
coisa fica preta, mas exigir território próprio quando convém.
O problema
com a politicagem é exatamente isso: ficar em cima do muro é só fingir
independência. Essa seria o único critério. Desde que alguém se mantenha
independente, ele pode opinar de maneira contraditória, dizer-se a favor dos
revolucionários neste ponto, mas não naquele, xingar e e louvar a mesma pessoa, enfim, todas as opções de vida lhe estão abertas, desde que ele não escolha
definitivamente nenhuma. Isso não é liberdade, nem muito menos independência. É
somente a leveza da palha, que o vento leva aonde quer. O poeta que, ao final da derrota para a
Alemanha, dizia que seu único sonho era ver um sorriso no rosto dos
brasileiros pode não entender nada de futebol. Mas tem faro certeiro da razão
dos compromissos.
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