quarta-feira, 9 de julho de 2014

A Voz das Ruas

O Brasil foi desclassificado, e a tristeza nacional se reveste de tons poéticos. Um zagueiro brasileiro dizia que seu sonho era dar alegria ao povo brasileiro. Não há sonho que resista à realidade da organização alemã. Um panzer passou por cima da seleção, mas já não há mais o que fazer. A notícia da semana, porém, é a invasão do planalto pelos índios que foram para seu Congresso de Saúde. Estando já em Brasília, resolveram visitar os deputados para pedir a demarcação das suas terras. Os representantes da nação, é claro, receberam-nos muito bem.  Visita surpresa, como dizia minha vó,  ou é coisa muito boa ou muito ruim. No caso em questão, é óbvio que foi boa. Sem ela, os senadores teriam que comer a pizza sozinhos, o que prejudicaria o peso ideal. Os índios, porém, é que não fazem muito bem em participar da dieta política.  Ou aceitam por completo a sua identidade, o que significaria que não haveria dos países, o deles e o do homem branco, ou simplesmente façam um país próprio, a Indolândia. O que é não é possível é recorrer aos brancos quando a coisa fica preta, mas exigir território próprio quando convém.


O problema com a politicagem é exatamente isso: ficar em cima do muro é só fingir independência. Essa seria o único critério. Desde que alguém se mantenha independente, ele pode opinar de maneira contraditória, dizer-se a favor dos revolucionários neste ponto, mas não naquele, xingar e e louvar a mesma pessoa, enfim, todas as opções de vida lhe estão abertas, desde que ele não escolha definitivamente nenhuma. Isso não é liberdade, nem muito menos independência. É somente a leveza da palha, que o vento leva aonde quer.  O poeta que, ao final da derrota para a Alemanha, dizia que seu único sonho era ver um sorriso no rosto dos brasileiros pode não entender nada de futebol. Mas tem faro certeiro da razão dos compromissos. 


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