terça-feira, 5 de agosto de 2014

Liberdade

Um amigo meu, rapaz muito simples, afirma que Plínio de Arruda não era conservador. Ele foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e, num de seus últimos debates no partido, adotou uma posição macabra. Plínio não seria um conservador porque seria um assassino. É neste ponto, porém, que simplicidade seixa de ser uma virtude para se transformar em algo parecido com espírito de porco. Meu amigo é convervador, embora ele não o confesse abertamente.  E para ele qualquer um que defenda a liberdade como último critério é um progressista. No entanto, a liberdade é um dos pliares não do PT, mas também do PSDB. Se todos os que a defendessem, José Serra, que busca libertar os fumantes do que ele acha um vício e é somente um hábito de sociabilidade, seria um progressista. Ele, porém, é tão conservador quanto o senhor Plínio de Arruda. Ambos querem que os brasileiros sejam livres. O problema é ambos acham que a liberdade é como que ideia platônica. Ele existiria tão somente porque o homem corajoso o suficiente para exercê-la seria o dono das próprias decisões. Ele existiria tão somente porque cada decisão traz consigo inexoravelmente uma responsabilidade. No entanto, a liberdade não é isso.


Outro amigo, que é tão amigo da liberdade quanto da simplicidade, define essa virtude como a capicade de escolher bem. E ele está mais próximo da verdade. Mas mais uma vez uma virtude acaba puxando a outra para baixo. Liberdade não é o poder que todos devemos ao capitalismo de entrar num supermercado e, entre as inúmeras opções de sabonetes, comprar a quem mais lhe agrada. Liberdade é renúncia. E na medida em que alguém, como aquele português que sacrificou a própria vida em nome da igualdade, renuncia a um bem para alcançar outro, ele é livre. Liberdade é a decisão pelo Bem que é único. Plíno Arruda, pelo que consta, plasmou a sua vida neste sentido. Não há outra explicação para o seu sucesso com a nova geração. Um esquerdista é, por definição, aquele que renunciou a tudo menos a política, e se torna, por isso, tão chato que só ficam próximos dele pessoas adultas o suficiente para sempre terem uma segunda intenção. Se ele, por um momento, achou que a reforma agrária era um assunto menos importante que a disposição do próprio corpo, foi por um equívoco em que muitos bons dominicanos já caíram.

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