Os leitores da Folha foram agraciados com um debate
interessante entre JP Coutinho e Hélio Schwartzman. O primeiro afirma que é
irresponsável que um cientista se pronuncie sobre Deus. O segundo diz que
irresponsável é acreditar em Deus. Ser árbitro oficioso de discussões alheias é
sempre uma tarefa ingrata, e mais ainda quando se trata de jornalistas que
desempenham seu ofício com inegável envergadura filosófica. No entanto, nada impede
que um pigmeu assista a um embate de gigantes e declare vencedor aquele que
terminou de pé. E, no caso, não há dúvida que o vencedor é João Pereira
Coutinho. A opinião de Schawtzman diz simplesmente que não se pode provar
cientificamente que Deus exista. Isso, porém, só acontece por conta do
preconceito científico contra os milagres, que são fatos.
O problema é que desde Francis Bacon a ideia
de fato ficou reduzida àquilo que é produzido pelo homem. Se, pois, a ciência
só se preocupasse em dar explicações de construções humanas, qualquer fenômeno
que por definição não pode ser realizado pelo homem ficaria de fora. Em outras
palavras, a ciência não poderia se pronunciar sobre milagres porque se trata de
algo alheio ao seu âmbito de estudo. Mas o fato é que a ciência nada mais é que
uma técnica de produzir utilidades, o que é sem dúvida muito bom, mas não é o
que pode dar uma resposta à dúvida sobre a existência de Deus. O caminho para
isso são as cinco vias de São Tomás de Aquino. Essa no entanto parte do
pressuposto filosófico de que sequência causal não é um círculo, mas sim uma pedaço
de reta, ou seja, que o mundo começa e acaba.
Os doutos que discutam sobre o assunto e aquilatem o valor da premissa,
mas o ponto é que de fato não há nada no mundo seja eterno à exceção da cidade
eterna.
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