quinta-feira, 16 de julho de 2015

A Única Saída


Cerco que se fecha
Mônica Bérgamo conta o que depoimento de Júlio Camargo na Lava-Jato é devastador. Trata-se de um recado enviado ao Congresso. O depoimento comprometeria Eduardo Cunha, que portanto deveria tentar alguma troca de favores com Dilma para que ela intervenha. Isso, porém, é praticamente impossível, porque o Sérgio Moro é bastante independente. A única solução seria trocar o Rodrigo Janot por outro procurador que fizesse vistas grossas quanto aos desmandos dos poderes executivo e legislativo.

As contas da Dilma serão julgadas em breve pelo TCU. O presidente do Tribunal é Aroldo Cedraz, que recebeu propina de Ricardo Pessoa. Além disso, seu filho advoga junto ao tribunal, o que pode lhe render vantagens indescritíveis e ilícitas. Aroldo pai buscava esconder o seu nome, usando o dinheiro extorquido através de uma empresa que constituiu com sua mãe.

O discurso da pilantragem é dizer que não sabia de nada. Não sabiam que pedir dinheiro para uma empresa que tem contratos milionários com eles é uma espécie de esmola forçada. É, por exemplo, o que disse José Cardozo em seu depoimento à CPI da Petrobrás: a presidente da República não saberia que a origem do dinheiro era ilícita. A ciência, de fato, do ladrão não é a mesma ciência do cidadão.
O cidadão oriundo da Revolução Francesa sabia que algo era ilícito porque o código lhe dizia. Neste sentido, Dilma, sendo economista e nunca tendo pegado num Código Penal, pode se dizer ignorante da proibição de roubar. Isso é a ciência do direito positivo, que é muito parecida com a ciência do Professor Gerardo Furtado. Ela parte do axioma e manda às cucuias todo o bom senso. O axioma é que só existe a lei positiva. O bom senso, todavia, é que o crime não compensa. E isso ninguém ignora.

A única solução, portanto, é que os políticos apoiem a investigação e digam tudo o que sabem. Os cínicos sem dúvida a chamam de utopia. Há mais ingenuidade, porém, em achar que toda a roupa suja será lavada por meio de argumentações legais, que ninguém do povo entende, do que em posar de vilão arrependido. Tosltói, nesse ponto, quase enganou a humanidade. O arrependimento não é a causa do suicídio de Anna Kareninna, mas sim a loucura de não olhar para trás e ver que o que poderia ter sido diferente ainda pode.




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