Um homem se aproxima de um ônibus
e fura-lhe o pneu. Tem início a paralisação que transtornaria toda a cidade.
Alguns motoristas hesitam mas acabam aderindo à revolução. Os rebeldes se
cansaram de esperar. Os taxistas exultam com a maior procura pelos serviços. Pais
que gostariam de chegar a tempo de se encontrar com seus filhos deixam para
depois o carinho e bronca. Não há outra solução senão esperar. E este é o
problema. Há um ditado popular segundo
qual a esperança é a última que morre.
Porém, isso não é fato.
O
maior desgraçado da opinião pública, o desempregado, é alguém com esperança. Enviar cem currículos por semana em busca de
um emprego mostra que ele vê no trabalho a solução para os seus males e ninguém
tem maior esperança do que aquele que encontrou meio com o qual derrotar o mal.
Ele bem que poderia, na segunda semana, deixar esse assunto de emprego para lá.
Mas seu motivo para servir não falha: o bem do Brasil! A esperança do desempregado não morre. Ele é
um Enéas em alto mar. Roma é a sua meta,
embora tudo a sua volta seja tempestade. Os desempregados, porém, além de serem
cada dia menos numerosos entre nós, esperam pela obrigação do trabalho. E
aguardar lentamente uma obrigação é a
morte da esperança. O argumento definitivo da revolução da esperança são aqueles
homens e mulheres que deixaram tudo no mundo para esperar em Deus.
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