sábado, 24 de maio de 2014

A Revolução

Um homem se aproxima de um ônibus e fura-lhe o pneu. Tem início a paralisação que transtornaria toda a cidade. Alguns motoristas hesitam mas acabam aderindo à revolução. Os rebeldes se cansaram de esperar. Os taxistas exultam com a maior procura pelos serviços. Pais que gostariam de chegar a tempo de se encontrar com seus filhos deixam para depois o carinho e bronca. Não há outra solução senão esperar. E este é o problema.  Há um ditado popular segundo qual a esperança é a última que morre.  Porém, isso não é fato.

O maior desgraçado da opinião pública, o desempregado, é alguém com esperança.  Enviar cem currículos por semana em busca de um emprego mostra que ele vê no trabalho a solução para os seus males e ninguém tem maior esperança do que aquele que encontrou meio com o qual derrotar o mal. Ele bem que poderia, na segunda semana, deixar esse assunto de emprego para lá. Mas seu motivo para servir não falha: o bem do Brasil!  A esperança do desempregado não morre. Ele é um Enéas em alto mar.  Roma é a sua meta, embora tudo a sua volta seja tempestade. Os desempregados, porém, além de serem cada dia menos numerosos entre nós, esperam pela obrigação do trabalho. E aguardar lentamente  uma obrigação é a morte da esperança. O argumento definitivo da revolução da esperança são aqueles homens e mulheres que deixaram tudo no mundo para esperar em Deus.

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