sábado, 10 de maio de 2014

Modéstia

"Para que a praga da vanglória fique longe das minhas crianças, que tu, meu caro Gonell, e a mãe delas e todos seus amigos lhes cantem essa música e a repitam e a martelem no coração delas: que a vanglória é desprezível e é para ser cuspida, e não há nada tão sublime quanto a humilde modéstia tantas vezes louvada por Cristo; e essa caridade prudente tanto fixará como ensinará a virtude antes que reprovar os vícios e as fará amar o bem em vez de odiá-lo."

São Tomas More, numa carta de 1518 ao professor particular de suas filhas. 

 

São Tomas More pede que seja ensinado a suas filhas o amor antes que o ódio. Até aí, nada de mais. É coisa natural que um pai queira que suas filha se comportem bem, sejam filhas obedientes e mais tarde esposas solícitas. E que, nesse longo processo, não terminem rabugentas, achando que tudo é mau a não ser elas mesmas. O que admira é o meio com que almeja evitar esse perigo. Às filhas deveria ser dito e repetido que a vanglória foi feita para o escarro!

Uma profilaxia violenta para um mal violento. De fato, de todos objetivos vazios o mais vazio é essa busca pelo elogio da maioria. A opinião majoritária varia de ano para ano quando não de mês para mês. Mas é a essa opinião que muitas personalidades vão se dobrando até ficarem mirradas e se empequenecem até tornarem-se nada. E não é menos vão buscar agradar os outros sem nenhum outro sentido que o de evitar problemas pessoais.

A virtude é, a uma só vez, singular e boa. Ela pode até se manifestar aos poucos como aos poucos vai crescendo a afeição entre dois amigos. Mas no fim desse caminho de afabilidade está uma verdade concreta, que se encaixa perfeitamente em circunstâncias concretas, sem chamar mais atenção do que o necessário.

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