Um homem togado, calmamente, queria seguir com seu trabalho. O advogado teimava em
ter logo o julgamento do seu caso. Tomava desesperamente o microfone para
exigir o direito de seu cliente. Vêm a pedrada: o ministro faz tirarem-no à
força de sessão. É um motivo de gozo para a vítima. Cada injúria realizada por
Barbosa seria um triunfo para advogado de Genoíno. A inversão dos papéis de vítima e carrasco é
evidente na declaração com que o causídico brindou os jornalistas que o
acompanharam ao ser expulso. O que não é tão clara é a afirmação do respeitável
ministro de que a república não pertence aos petitas.
Bom,
se os petistas assumiram o poder democraticamente, eles deteriam a república. Ademais,
não há hoje partido que seja tão bem equipado retoricamente quanto o
governista. A sua propaganda é a melhor, e, se a mídia é de fato um quarto
poder, a repúpbica é deles. Do mesmo modo,
é inegável que a influência do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva é
avassaladora. Ele é petista. Logo, a república é deles. Tem o poder aquele grupo que articula melhor
sua agenda com os formadores de opinião. Os universitários soltam pelos poros a
doutrina marxista. Logo, a república é deles.
E
como pode então senhor ministro afirmar que a república não é deles? Pela razão
óbvia de que não existem eles e nós. O marxismo só vingou no Brasil porque o
homem cordial que habita estas plagas não tem limites para seu acolhimento. Os
primeiros a fazerem a divisão entre nós e eles, os primeiros a categorizar a
sociedade em classes, foram de fato o partido que hoje governa o país. Isso,
porém, é tão falso quanto a inversão do advogado. Se a república tem algum dono – o que é
altamente duvidoso -, este é o povo brasileiro, que admitiu a luta de classes
somente para pacificá-la.
Camponeses Brigando de Browuer |
Advertem-nos os entendidos, porém, que o povo é distinto do vulgo. O vulgo é iletrado, indelicado e bruto. O povo dos idealistas é iluminado, deixa para trás de si as sombras da supertição e assoma, pimpão, à proa do navio da história. Esse povo, todavia, não forma a democracia. Essa não é, felizmente, para homens que tem a delicadeza como último critério. O tempo todo acontecem episódios como a expulsão do advogado. Os analistas que discutam quem estava certo. Indubitavelmente, porém, o embate de que a cena no STF é símbolo do que sempre será um dos traços essencias da democracia.
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