quarta-feira, 11 de junho de 2014

Luta de Classes no Brasil

Um homem togado, calmamente, queria seguir com seu trabalho. O advogado teimava em ter logo o julgamento do seu caso. Tomava desesperamente o microfone para exigir o direito de seu cliente. Vêm a pedrada: o ministro faz tirarem-no à força de sessão. É um motivo de gozo para a vítima. Cada injúria realizada por Barbosa seria um triunfo para advogado de Genoíno.  A inversão dos papéis de vítima e carrasco é evidente na declaração com que o causídico brindou os jornalistas que o acompanharam ao ser expulso. O que não é tão clara é a afirmação do respeitável ministro de que a república não pertence aos petitas.

Bom, se os petistas assumiram o poder democraticamente, eles deteriam a república. Ademais, não há hoje partido que seja tão bem equipado retoricamente quanto o governista. A sua propaganda é a melhor, e, se a mídia é de fato um quarto poder, a repúpbica é deles.  Do mesmo modo, é inegável que a influência do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva é avassaladora. Ele é petista. Logo, a república é deles.  Tem o poder aquele grupo que articula melhor sua agenda com os formadores de opinião. Os universitários soltam pelos poros a doutrina marxista. Logo, a república é deles.

E como pode então senhor ministro afirmar que a república não é deles? Pela razão óbvia de que não existem eles e nós. O marxismo só vingou no Brasil porque o homem cordial que habita estas plagas não tem limites para seu acolhimento. Os primeiros a fazerem a divisão entre nós e eles, os primeiros a categorizar a sociedade em classes, foram de fato o partido que hoje governa o país. Isso, porém, é tão falso quanto a inversão do advogado. Se a república tem algum dono – o que é altamente duvidoso -, este é o povo brasileiro, que admitiu a luta de classes somente para pacificá-la.

Camponeses Brigando de Browuer


Advertem-nos os entendidos, porém, que o povo é distinto do vulgo. O vulgo é iletrado,  indelicado e bruto. O povo dos idealistas é iluminado, deixa para trás de si as sombras da supertição e assoma, pimpão, à proa do navio da história. Esse povo, todavia, não forma a democracia. Essa não é, felizmente, para homens que tem a delicadeza como último critério. O tempo todo acontecem episódios como a expulsão do advogado. Os analistas que discutam quem estava certo. Indubitavelmente, porém, o embate de que a cena no STF é símbolo do que sempre será um dos traços essencias da democracia.

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